quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Sobre educação

“A escola precisa de uma revolução (...) e todos os países estão neste momento a reformar o sistema de ensino (...) Mas como é que vamos preparar a sociedade para os próximos 20 anos, se não sabemos como vai estar a economia no final da semana?”
Sir Ken Robinson, Out of Minds

Este sistema de ensino é assim, porque foi pensado para produzir profissionais para o mercado de trabalho. O sistema foi preparado por professores universitários, que não são propriamente as grandes referências da sociedade: “eles vivem dentro da cabeça deles. Para eles o corpo é uma forma de transportar as suas cabeças para as reuniões (...) Eu sei do que falo, já fui um professor universitário”.
Sir Ken Robinson, Out of Minds

A industrialização do século XIX moldou os nossos sistemas de ensino com duas grandes orientações: em primeiro lugar criar disciplinas para o trabalho, que no final visem um emprego; em segundo lugar projetar capacidade académica, em que as universidades moldaram o sistema à sua imagem e semelhança. E quem não entra nesta matriz fica de fora, é excluído ou estigmatizado. O problema é que o paradigma mudou. Daqui a 30 anos vai haver tantos licenciados no mundo inteiro como houve em toda a História da Civilização. Ou seja: antes a licenciatura equivalia a um emprego; estudava-se e no final havia a recompensa.
Mas agora já não é assim, o diploma não vai ser suficiente para obtermos um emprego, quanto mais um bom emprego. Então de que vale a pena estudar? Sobretudo quando pode haver coisas mais interessantes para fazer.
Sir Ken Robinson, Out of Minds

As pessoas têm que ter outra preparação para o mundo, e o sistema de ensino empacotado, industrial, modelador já não funciona. O sistema de ensino está pensado para produzir bons trabalhadores, quando a economia do futuro pede bons pensadores.
Sir Ken Robinson, Out of Minds

Don Tapscott faz a mesma análise mas vai um pouco mais longe na solução.

“In the industrial model of student mass production, the teacher is the broadcaster. A broadcast is by definition the transmission of information from transmitter to receiver in a one-way, linear fashion. The teacher is the transmitter and student is a receptor in the learning process. The formula goes like this: I'm a professor and I have knowledge. You're a student, you're an empty vessel and you don't”.
DON TAPSCOTT, chairman of the think tank Ngenera, at edge.org

"Universities are finally losing their monopoly on higher learning. There is fundamental challenge to the foundational modus operandi of the University — the model of pedagogy. Specifically, there is a widening gap between the model of learning offered by many big universities and the natural way that young people who have grown up with digital best learn.”
DON TAPSCOTT, chairman of the think tank Ngenera, at edge.org

"The old-style lecture, with the professor standing at the podium in front of a large group of students, it's a model that is teacher‐focused, one-way, one-size-fits-all and the student is isolated in the learning process. Yet the students, who have grown up in an interactive digital world, learn differently. They want an animated conversation, not a lecture. They want an interactive education, not a broadcast.”
DON TAPSCOTT, chairman of the think tank Ngenera, at edge.org

A análise destes dois especialistas refletem a enorme diferença entre a oferta do mercado do ensino e a procura do mercado de trabalho. O que está em causa é a grande diferença entre memorizar e cognição.
A ciência diz-nos que a mente aprende estabelecendo novas redes neuronais (o cérebro é plástico). E que essas redes reforçam‐se com o treino e desaparecem com a falta dele.
No caso do professor broadcasting o problema é que os alunos desligam mais e há mais perda de informação entre o que o professor quer dizer, o que diz, o que o aluno ouve e o que entende. Como é um processo de uma só via, o aluno não tem oportunidade de pensar e analisar a informação, pelo que assimila pouco.
Um processo pedagógico que envolve o walker de forma interativa, torna-o mais atento, mais consciente, e com a experiência do fazer assimila melhor todos os conceitos da formação. E estas tendências gerais agudizam-se ainda mais com a especificidade cultural portuguesa.
Todos os caminhos para a revolução do sistema de ensino são ainda mais importante para Portugal, porque nos ajudam a resolver o défice histórico.
Precisamos desesperadamente de portugueses com mais iniciativa, com mais confiança, com mais mundo, com mais orientação para os resultados. Precisamos por isso de desenvolver competências, mas o sistema de ensino aposta tudo no conhecimento.

Fonte: site http://www.isg.pt/images/ficheiros/box_projeto.pdf

Sem comentários: