quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O poder das palavras


No jardim dos Silva havia várias espécies de plantas: de gerânio a orquídeas, de salva a gazânia, de cactos a azaleias; fora as samambaias, amarílis, violetas e hortênsias. Mas era a roseira que chamava a atenção de todos os que frequentavam aquela bela casa.

As rosas eram muito inspiradoras, realmente. Os botões, quando desabrochavam, acendiam um vermelho reluzente, que lembravam um pedaço de veludo. Todos se aproximavam para vê-las de perto, sentir o seu cheiro marcante, e ao se afastarem saiam com leves sorrisos nos lábios, como se tivessem ouvido delas doces palavras e elogios.

Porém, em alguns momentos de todos os meses, as rosas simplesmente murchavam. E ninguém sabia o motivo. Entrava jardineiro e saia jardineiro, e nenhum profissional compreendia o que acontecia na roseira da família Silva.

As rosas, de um vermelho vibrante, empalideciam. As pétalas caíam e definhavam com uma facilidade que a aparência era de um papel amassado. Os botões ficavam sem vida. A roseira perdia o viço, o vigor, a força. E a alegria que aquela planta dava ao jardim dava lugar ao mistério, à feiura, àquele aspecto desagradável aos olhos.

Então, para mais uma tentativa, resolveram contratar mais um jardineiro.

A princípio, o Sr. José das Flores, como era chamado, fez de tudo. Ele tinha esse apelido, porque era conhecido pelas redondezas por transformar os jardins das casas em verdadeiras artes. Além de conseguir fazer as plantas terem vida novamente. Por isso, ele era a pessoa ideal.

O Sr. José trocou a roseira de lugar, mudou o adubo, colocou-a em um local onde pudesse pegar sol e sombra, regava, podava, enfim; no entanto, nada a revigorava. Dias depois, porém, sem precisar tocar na planta, os seus botões se abriram novamente.

Era uma coisa muito estranha, pois os botões abriam e fechavam várias vezes durante o mês. O jardineiro ficou muito intrigado e não entendia o fato de a planta abrir e florescer e fechar e enfraquecer sem nenhuma explicação. Ele já havia consultado especialistas, biólogos, pesquisadores e nada. Até que ele teve a brilhante ideia de apenas observar a roseira.

– Que esquisito! Parece que tem vida própria. Ele se admirava todas as vezes que testemunhava o evento.

Depois de certo tempo, o Sr.  José, com a sua técnica de observação, detectou qual era o problema das rosas. No entanto, quando chegou para contar a novidade, descobriu, por meio da governanta da mansão, que a família havia viajado, mas que ele deveria continuar com os serviços de jardinagem normalmente até a volta dos patrões.

Muito bem. Ele continuou os cuidados com todas as plantas e viu o quanto a roseira cresceu, multiplicou os seus botões, abriu novas rosas e possibilitou novas mudas de excelente qualidade.
Quando a família retornou, viu que o jardim havia sido tomado por inúmeras rosas, de cores, aspecto e beleza diferentes. As crianças ficaram deslumbradas, logicamente, e ao correrem para pegá-las, percebiam que não possuíam espinhos.

– Que legal! Elas não machucam! – admiravam-se animadíssimas.
Os donos, intrigados que estavam, correram para o jardineiro a fim dele esclarecer aquele milagre.

Ao que ele respondeu:
– O que acontece é simples, “doutor”, mas precisei de uma boa dose de observação para poder compreender esse mecanismo: sempre que vocês discutem e falam palavras agressivas um com o outro, a roseira murcha um pouco. E, dependendo do que vocês falam, ela chega a ficar em um estado tão crítico, que é capaz de morrer, mesmo tendo sol, sombra, adubo de qualidade, água ou poda suficiente. E como todos vocês ficaram um mês fora de casa, as rosas não absorveram a negatividade de vocês, e isso fez com que elas não parassem mais de desabrochar e crescer.

Para refletir:
Agora, coloque-se no lugar das rosas recebendo palavras nada edificantes, e que só desanimam, destroem e lhe jogam para baixo. É assim que ficamos quando absorvemos o que não serve para o nosso crescimento: podemos murchar completamente com a negatividade alheia, a não ser que fiquemos longe e assim também possamos desabrochar e progredir em todos os sentidos.

(Autoria desconhecida)

Texto retirado da internet

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