sexta-feira, 22 de julho de 2011

E esta ehmm?



Na época em que uma pessoa endividada podia ser atirada para a prisão, um mercador londrino teve o azar de dever enorme soma de dinheiro a um agiota. Este, que era velho e feio, encantou-se pela jovem e linda filha do mercador. Propôs então um acordo. Disse que cancelaria a dívida do mercador se pudesse desposar-lhe a filha. Tanto o mercador quanto a filha ficaram horrorizados. (…)

Aí o esperto agiota propôs que se deixasse a solução do caso à Providência. Disse-lhes que colocaria um seixo preto e outro branco dentro de uma bolsa de dinheiro vazia e a jovem deveria então retirar um dos seixos. Se retirasse o seixo preto, tornar-se-ia sua esposa e a dívida de seu pai seria cancelada. Se retirasse o seixo branco, permaneceria com o pai e mesmo assim a dívida seria cancelada. Mas, no caso de ela se recusar a retirar um seixo, o pai seria atirado para a prisão e ela morreria de fome. O mercador concordou relutantemente. (…)

O agiota inclinou-se para apanhar os dois seixos, e ao fazê-lo foi visto pela jovem (…) a apanhar dois seixos pretos e a colocá-los na bolsa do dinheiro. Ele pediu então à jovem que escolhesse o seixo que indicaria não só a sua sorte como também a de seu pai.

Nesse momento, a jovem pensou em 3 hipóteses para resolver aquela situação:

A primeira hipótese seria recusar-se a retirar um seixo, mas assim, o pai iria para a prisão e ela morreria de fome.

A segunda hipótese seria ela denunciar o agiota como impostor, pois na bolsa estavam dois seixos pretos.

Por fim, em terceiro lugar, a opção seria ela retirar um seixo preto e sacrificar-se a fim de salvar o pai da prisão.

Porém, ela optou por uma outra quarta solução. Ela meteu a mão na bolsa e retirou um seixo. Porém, antes de olhá-lo, desajeitada, deixou-o cair no caminho, onde logo se perdeu no meio dos outros.

— Oh, que desastrada sou — disse ela — mas não tem importância, pois se olhar para dentro da bolsa poderá dizer, pela cor do seixo restante, qual o que escolhi.

Como o restante era, evidentemente, preto, ela só poderia ter escolhido o branco, pois o agiota não ousaria revelar a sua falta de honestidade.

Fonte: história de Edward de Bono para explicar o conceito de pensamento divergente, criatividade.

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