sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Quais são os teus limites?




"Criança geopolítica observando o nascimento do homem novo"
Salvador Dali


Fala-se tanto em que devemos ultrapassar os nossos próprios limites, a sair da nossa zona de conforto, a superar-nos.

Conhecermos os nossos limites, permite-nos conhecer melhor, dá-nos um sentido de individualidade, de identidade. Permite-nos responder à questão: quem sou eu?

Quando ultrapassamos os nossos limites, descobrimos potencialidades nossas que desconhecíamos até aquele momento, inevitavelmente mostramos-nos diferentes aos outros e consequentemente somos percepcionados por nós próprios e pelos outros de uma forma diferente (melhor ou pior, depende da perspetiva e expetativa do avaliador).

Por um lado, pode ser avaliado como positivo, as pessoas gostam de ouvir histórias de pessoas que se superaram, que viveram experiências diferentes, exóticas ou inovadoras. Mas por outro lado, as pessoas gostam de segurança e estabilidade. Quando os outros vêem que não podem contar connosco, pois todos os dias mostramos facetas diferentes de nós, será que a opinião destas pessoas continuará a ser positiva?

Mas quando ultrapassamos os limites do outro, será que isso é igualmente bem visto pela própria pessoa e pelo outro e pelos outros que estão à volta?

Independentemente se a superação dos nossos limites é percepcionado como positivo ou negativo, quando ultrapassamos os limites dos outros parece-me que na maioria das vezes será avaliado como negativo. Pode ser considerado como incapacidade de relacionamento interpessoal, como falta de respeito com o outro, mas também para consigo próprio. E no limite, pode derivar em comportamentos violentos, manipuladores, intimidadores, autocráticos. O medo, o terror ganha terreno em contraposição com o amor.

Em sociedade, será que devemos tolerar, permitir, consentir quando o outro ultrapassa os nossos limites? E o que podemos fazer para lidar com "este tipo de pessoas"?

A forma como lidamos com este "tipo de pessoas" e com as situações em que o outro ultrapassou os nossos limites é também uma forma de conhecermos os nossos próprios limites e de autoconhecimento.  É um círculo vicioso.


Autoria: Sandra Mendes

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